segunda-feira, 1 de junho de 2009

MOSTRA "ARTE NA FÓRMULA 1" - Obra "ASSÈNZA INTERROTTA" - Hotel Transamérica - São Paulo - 2008 - crítica de Oscar d'Ambrósio


Sincronia de Tempos


Estamos acostumados no Ocidente a pensar o tempo de maneira linear, com começo, meio e fim. Isso provém de toda uma tradição judaico-cristã, em que o mundo é criado, passa por transformações e tem o seu fim anunciado. Já no Oriente, há a imanência, ou seja, o tempo simplesmente existe e as ações e forças nele convivem.

O trabalho em acrílica e pastel sobre tela de Aniz Tadeu, como o proprio título (Ausência Interrompida) já aponta justamente para essa relatividade do tempo. As milenares montanhas colocam-se majestosas como um marco de resistência ao tempo, enquanto as construções evocam o saber reunido pela humanidade.

De um lado, a natureza. Do outro, a mão humana. Em meio a esse universo, sob os arcos, surge o carro de Fórmula 1, índice da velocidade de um tempo no qual cada vez se pensa menos e se vive sob a égide de um fazer contínuo que muitas vezes ignora as tradições e o passado em nome de soluções imediatas.

Aniz Tadeu promove o diálogo entre passado e presente. Sua imagem estimula pensar como a tradição de um esporte não é feita repentinamente, masa é construída ao longo do tempo, principalmente quando se tem uma visão que não considera a vida como algo linear, mas como um viver simultâneo de experiências históricas.


Oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).

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